Nesta postagem, a Profa Dra Nailze Pereira de Azevedo Pazin, associada da AENSC, compartilha a experiência do ensaio fotográfico Nossos corpos existem e resistem: Beleza negra e indígena na Escola Beatriz de Souza Brito, realizada em 2022.
Nailze Pazin nos conta um pouco sobre esta experiência produzida na Escola Beatriz de Souza Brito, localizada no bairro Pantanal (Florianópolis-SC).
"A produção do ensaio fotográfico com os/as estudantes, familiares e funcionários negros/as e indígenas na EBM Beatriz de Souza Brito faz parte do Projeto Ubuntu: “Eu sou porque nós somos” que tem como objetivo socializar ações antirracistas nos diversos ambientes da escola. Essa ação tem o intuito de prestigiar a beleza negra e indígena retratando em fotografias a diversidade e a existência das múltiplas identidades que hoje adentram com suas vozes a Escola Beatriz.
Sabemos que um dos efeitos mais perversos do racismo estrutural é naturalizar hierarquizações raciais. Uma vez naturalizadas, essas hierarquias se tornam invisíveis e, como tal, tendem a ser reproduzidas por nós sem que sequer nos demos conta disso. A formulação de um padrão de beleza e fealdade não é natural, por isso é preciso problematizar a construção histórica da imagem negativa da população negra. O preconceito e a discriminação racial no espaço escolar contribuem para que as diferenças de fenótipo entre negros, indígenas e brancos sejam entendidas como “desigualdades”.
Será que em nossa escola estamos atentos a essa questão? Como o corpo negro é visto e percebido na escola? Tomar consciência dessa realidade nos permite assumir o compromisso pela valorização dos/as estudantes negros/as e indígenas e de sua beleza,
promovendo e resgatando a autoestima desses sujeitos, além de conscientizar a comunidade escolar sobre o respeito à diversidade.
Visibilizar corpos fora do padrão europeu, permite mostrar a toda comunidade escolar a ancestralidade afro-brasileira e indígena oportunizando que nossas crianças e adolescentes questionem padrões de beleza, assim, sementes antirracistas estão sendo plantadas.
A Direção da Escola Beatriz convidou a professora de espanhol Janete Elenice para realizar o ensaio fotográfico. Parte do material produzido será apresentado à comunidade escolar no dia 11 de novembro e, ficará exposto durante todo mês em comemoração ao dia da Consciência Negra (20 de novembro), data atribuída a morte de
Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros da resistência ao sistema escravocrata implementado no Brasil. Essa data foi, em forma de lei, inserida no calendário escolar das instituições básicas de ensino.
Por fim, o preconceito racial cria um estigma, uma marca, uma relação perversa e negativa quanto a tudo o que diz respeito ao não branco, às suas formas de ser e de significar o mundo. Se desejamos uma sociedade com justiça social, é imperativo transformarmos nossas escolas em um território de equidade, acolhimento, respeito e afetividades."
Profa Dra Nailze Pereira de Azevedo Pazin, 2022.
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